terça-feira, 19 de abril de 2011

Texto: Rosana Braga - A quem pedir conselhos de namoro ?


Quem nunca desejou ser dono de um oráculo absoluto sobre o amor ou ainda poder contar com a sabedoria inquestionável de um velho sábio, daqueles com barba longa, olhar sereno e uma voz que nos conforta? Sim, claro, a grande maioria de nós!




Seria mesmo ótimo se tivéssemos com quem conversar e a quem pedir conselhos toda vez que nosso coração se enchesse de receios, dúvidas e medo de “quebrar a cara” mais uma vez, seja num namoro, num casamento ou em qualquer outra relação. No entanto, em princípio, não existem velhos sábios e nem oráculos capazes de esgotarem nossas angústias. Ou, sob outro ângulo, talvez pudéssemos afirmar que eles existem sim, mas dentro de cada um de nós. E isso é mais do que uma luz no fim do túnel. É, na verdade, tudo de que precisamos para fazer nossa vida valer a pena.




Ou seja, ter alguém em quem você confia para falar sobre seus sentimentos e até pedir conselhos é muito bom, sem dúvida. É até um privilégio! No entanto, ainda que se trate de alguém que você admira e considera dono de uma percepção aguçada, ninguém – absolutamente ninguém – pode saber exatamente o que você está sentindo, além de você mesmo! Isso me lembra um conto de Nasrudin, da tradição sufi, sobre os melhores conselhos. A história ilustra bem o que quero dizer:




Nasrudin começou a construir uma casa. Seus amigos, que tinham cada um sua própria casa, e eram carpinteiros e pedreiros, o rodearam com conselhos. O Mullá estava radiante! Um após outro, e às vezes todos juntos, diziam-lhe, com conhecimento de causa, o que fazer e o que não fazer. Nasrudin seguia docilmente as instruções que cada um lhe dava. Quando a construção terminou, ela não se parecia em nada com uma casa. - Que curioso! - disse Nasrudin - e eu fiz exatamente aquilo que cada um de vocês me tinha dito para fazer!




Ou seja, ainda que o que lhe digam para fazer pareça bastante razoável e até tenha dado muito certo para quem já o fez, cada qual tem sua história, seu jeito, suas crenças. Cada um sente de um modo particular. E, no final das contas, seguir conselhos pode fazer com que você chegue ao fim da vida ou de uma situação, um namoro, enfim, e, ao revisitar os acontecimentos, descubra que – de fato – nunca fez exatamente o que gostaria de ter feito!




Bem, então, você poderia me perguntar: “quer dizer que não posso compartilhar meus sentimentos com alguém e ouvir o que a pessoa tem a me dizer?”. E eu responderia que sim. Você pode falar e ouvir sem o menor problema! Aliás, essa prática tende a ser muito saudável e positiva, pois o ajuda a encontrar as respostas. Mas não as respostas do outro e sim as suas próprias!




Portanto, não se trata de ouvir conselhos e fazer e ser o que o outro diz ser o certo. Trata-se, sobretudo, de aprender a refletir, ponderar, pesar o que lhe disseram com o que você está sentindo. Trata-se de criar uma conexão direta consigo mesmo e perceber que, aconteça o que acontecer, dando certo ou não, sua vida será muito mais autêntica, e você se sentirá muito mais dono de si quando começar a agir a partir de suas convicções e de seus desejos.




Para isso, ou melhor, para que você chegue ao âmago de seu coração, certamente os conselhos podem ser muito úteis. No mais, é disso que são feitas as relações humanas: de trocas e de aprendizados, para que, no final das contas, todos nós possamos ser melhores!


 
  Este artigo foi escrito por:  Dra. Rosana Braga







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